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Hole-in-the-head "buraco na cabeça"
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Entre as doenças que afetam os peixes de água doce, uma das mais temidas e menos entendida a “hexamitose” e o “buraco na cabeça” possuem vários pontos em comum, entre eles a intensidade e “imprevisibilidade” com que atacam os peixes. Pretendo esclarecer do que se trata essa doença, suas causas, seus agentes e suas relações. Será relatado também possíveis meios de cura e profilaxia.
HEXAMITA / SPIRONUCLEUS
Pertencente à ordem dos Diplomonadides, os Hexamita são um gênero de protozoários flagelados que apresenta várias espécies, como H. nelsoni, H. inflata, H. salmonis, H. truttae, H. intestinalis, entre outras, sendo as três últimas as comprovadas como causadoras de doença em peixes. Apesar disso, ainda não se identificou qual dessas espécies é a responsável pela doença em peixes ornamentais (dentre as cinco citadas ou entre outras novas espécies ainda não identificadas ou descritas). De fato, as citadas são reconhecidamente causadoras de doença em salmonídeos (trutas, salmões etc.), mas não foram ainda identificadas em peixes ornamentais, particularmente nos Neotropicais (peixes tropicais e sub-tropicais do continente americano).
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Protozoário hexamitídeo típico; observa-se claramente seus oito pares de flagelos, sendo um par posterior e três pares anteriores; sua forma vai de oval a piriforme a elipsoidal a fusiforme.
Spironucleus - Para os peixes ornamentais Neotropicais, porém, algumas pesquisas recentes indicam ser outros os protozoários – não os Hexamita, mas do gênero Spironucleus – os verdadeiros causadores da doença vulgarmente chamada em aquariofilia de “hexamitose”.
Spironucleus é gênero relativo e muito parecido ao Hexamita, o que tem gerado certa confusão na identificação e determinação de qual dos dois gêneros seria realmente o causador da doença. Muitos autores chegam mesmo a contestar a existência de um ou outro gênero, sendo comum encontrar quem defenda a existência de apenas uma espécie de protozoário e/ou um gênero, que estaria então sendo erroneamente reconhecido sob dois distintos nomes. Como se não bastasse, há ainda certa confusão causada pelo uso de um sinônimo, em desuso, na nomenclatura científica dos Hexamita, sendo comum encontrar-se referência a ele sob a sinonímia Octomitus.
Algumas espécies são propensas, os protozoários Spironucleus são comumente encontrados no trato gastrointestinal da maioria dos peixes da família dos Ciclídeos (Cichlidae), causando maiores complicações junto a espécies Neotropicais de porte médio a grande (aquariofilicamente falando), como acará-disco (Symphysodon spp.), acará-bandeira (Pterophyllum spp.), uaru (Uaru sp.), oscar ou apaiari (Astronotus sp.) – embora também afete outras espécies de ciclídeos menos “populares” que as anteriores, como os Geofagíneos (Geophagus sp.; “cará” ou “papa-terra’). Embora não muito comum, podem ainda ser encontrados causando problemas em outros ciclídeos. Além dos Ciclídeos, outras famílias de peixes são mais propensas que outras a apresentarem problemas causados por Spironucelus ou Hexamita, mas com freqüência e gravidade consideravelmente menores. São elas os Anabantídeos (Anabantidae; p.ex., Colisa, Trichogaster, Helostoma etc.) e, em menor freqüência ainda, os Ciprinídeos (Cyprinidae; geralmente carpas, barbos, dânios e afins); nesses últimos pode ser mais comum Hexamita, especialmente nos peixes de águas temperadas a frias. Vale ainda salientar que tais protozoários podem, em tese, causar problemas em qualquer espécie de peixe dulcícola, seja ou não ornamental / Neotropical.
MECANISMO DE CONTÁGIO E CARACTERÍSTICAS GERAIS - Grande parte do mecanismo que leva à manifestação da doença nos peixes é relacionada a situações de estresse constante (como veremos, é o fator desencadeante ou agravante da doença), uma vez que esses protozoários (Spironucleus / Hexamita) são encontrados no trato gastrointestinal de peixes considerados clinicamente saudáveis, embora em menores concentrações do que o são em peixes clinicamente doentes ou em desenvolvimento da doença. Esses protozoários também são encontrados vivendo naturalmente livres na água (não são parasitas obrigatórios), indicando que há uma infectabilidade relativamente baixa desses seres isoladamente. Ou seja, deve haver certas condições prévias (coincidentes e/ou concomitantes) para que tais protozoários consigam causar doença.
CONTÁGIO - Acredita-se que o contágio entre os peixes se dá obrigatoriamente por via oral, seja pela ingestão de fezes contaminadas de outros peixes, ou mesmo na ingestão direta do protozoário. Ou seja, a contaminação é passiva por parte do protozoário, pois é o peixe que acaba por ingeri-lo. Essa ingestão de fezes não é intencional, e geralmente ocorre quando os peixes ingerem seu alimento, que se contamina com partículas de fezes contaminadas. Em discos isso se dá mais facilmente no “pastar” característico dos peixes, quando procuram alimentos junto ao fundo do aquário; em apaiarís (ou oscar), essa contaminação pode ainda acontecer via “iscas” contaminadas (peixes usados como alimento vivo). [OBS: artêmias não são vetores para essa doença, pois são de água salgada, onde tal protozoário não sobrevive; ou seja, são um alimento vivo "limpo" e seguro]
De qualquer forma, essa simples ingestão do protozoário não está necessariamente ligada ao aparecimento da doença, uma vez que, conforme foi exposto anteriormente, esse protozoário é comumente encontrado, subclinicamente, no trato gastrointestinal de peixes considerados saudáveis e que não apresentam nenhum sintoma da doença. O que parece determinar o surgimento da doença é a quantidade de protozoários. A relação com a saúde geral do peixe e suas imunodefesas é direta, já que a doença só parece conseguir sobrepujar essas imunodefesas quando as mesmas estão muito baixas, o que ocorre geralmente em peixes debilitados ou submetidos a estresse por longos períodos ou de maneira constante (nesse último caso, o período de tempo pode ser consideravelmente menor).
ESTRESSE - Confirmando em parte essa teoria, nos casos clinicamente investigados e relatados são observadas sempre situações de estresse contínuo, prévio aos primeiros sintomas da doença se manifestarem no peixe. Esse estresse geralmente relaciona-se de maior ou menor forma com parâmetros incorretos da água, geralmente na forma de:
– Concentrações tóxicas de amônia / nitritos e até nitratos;
- pH extremado da água (muito ácido ou muito básico);
- Baixa taxa de oxigênio dissolvido (anoxia / hipoxia “potencial”);
- Temperatura muito alta ou baixa para a espécie;
- Variações extremas de temperatura
- Etc.
Outros fatores de grande importância para o surgimento ou potencialização do estresse também podem ocorrer isolada ou concomitantemente entre si e/ou em combinação aos acima citados:
- Superpopulação do aquário;
- Alimentação incorreta: pobre nutricionalmente, e/ou de má palatabilidade, e/ou de tamanho inadequado etc;
- Ambientação incorreta: luz exagerada ou insuficiente; excesso de movimentação dentro do aquário (decorações que se movem ou excessivamente coloridas, bolhas de ar, vibrações exageradas etc.) ou fora do aquário (“trânsito” de pessoas, “acender-apagar” de luzes – do aquário, ou ambiente, ou TV etc — a qualquer hora etc.); decoração incorreta, seja em excesso (os peixes não conseguem nadar livremente) ou em falta (os peixes não se sentem seguros, pois lhes faltam abrigos) etc;
- Companhias “inadequadas”: peixes que constantemente atacam, ameaçam, perseguem ou perturbam outros, seja na hora da alimentação, seja durante o dia todo, seja durante a noite etc;
- Outras causas diversas.
A ocorrência por certo período de um ou vários desses fatores acaba, invariavelmente, proporcionando o surgimento de estresse, que por sua vez leva os peixes a terem suas defesas imunológicas prejudicadas / diminuídas. Podemos dizer, então, que o estresse, qualquer que seja sua causa, é fator praticamente desencadeador ou que favorece fortemente o aparecimento dessa doença – bem como de outras. Concomitante ao surgimento desse quadro, tais citados protozoários (Spironucleus / Hexamita) começam logo a se reproduzir de maneira descontrolada no trato gastrointestinal do peixe, possivelmente devido à sua baixa ou lenta reação imunológica frente tal “ataque” (ou seja, em condições normais são as imunodefesas do peixe que controlam/ impedem a multiplicação descontrolada desses micro-organismos — e muito certamente de vários outros).
1. DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
Inicialmente, depois de ingeridos e instalados no trato gastrointestinal do peixe, os protozoários costumam atacar o intestino delgado e os cecos pilóricos, mas em estágios mais avançados, eles podem se espalhar por outros órgãos, como a bexiga natatória, fígado, rins, vesícula etc. Quando o peixe se encontra nesse quadro (mais avançado), o tratamento se verifica quase sempre muito mais difícil ou até impossível, e as taxas de mortandade costumam ser muito altas. Ainda nos estágios iniciais da doença, o peixe apresenta um quadro geral de desnutrição e fraqueza geral (caquexia), gastroenterite e peritonite (inflamação do peritônio [peritônio é a membrana que recobre a parede da cavidade abdominal, envolvendo as vísceras dos animais] ).
Em peixes ornamentais é muito comum a manifestação da doença associada a outros parasitas (p.ex. os vermes Capillaria, que são parasitas comuns de Pterophyllum spp. [acará-bandeira]), ou agentes patogênicos oportunistas, como bactérias, particularmente devido à queda das imunodefesas do peixe.
a origem do BNC também se relaciona diretamente a causas não-patogênicas e/ou patogênicas que causam a depressão do sistema imunológico dos peixes; entre as causas patogênicas, um considerável número de casos vem a ser a própria spironucleose.
1.2 DIAGNÓSTICO POR CARACTERÍSTICAS EXTERNAS VISÍVEIS
Como características físicas e comportamentais normalmente apresentados por peixes que sofrem de spironucleose, podemos citar:
(OBS: sendo sempre os sintomas do grau de gravidade da doença, respectivamente: (a) mais avançado; (e) menos avançado)
COMPLICAÇÕES NA ALIMENTAÇÃO
- O peixe não mais se alimenta, chegando a recusar ou ignorar completamente a comida (mesmo alimentos vivos “irresistíveis” como artêmias vivas);
- O peixe ainda tenta abocanhar a comida, se dirige a ela normalmente, como se fosse comê-la normalmente, mas em um último instante “muda de idéia” e a evita;
- O peixe ainda abocanha a comida, tenta mastigá-la e acaba por cuspi-la, fazendo isso algumas vezes repetidamente, sem chegar a conseguir, de fato, comê-la.
COMPLICAÇÕES NA EVACUAÇÃO
- O peixe para completamente de evacuar;
- O peixe evacua fezes longas e finas como “fios de cabelo”, sempre com cor esbranquiçada ou quase transparente, e que ficam aderidas a seu ânus por bastante tempo, mesmo quando o peixe nada.
COMPLICAÇÕES DE COMPORTAMENTO
- O peixe passa a ficar letárgico, permanecendo muito tempo parado numa mesma posição, geralmente perto das regiões mais profundas, escuras e posteriores (a “traseira”) do aquário, e como que “olhando” para a parte posterior do aquário;
- Dependendo do estágio (mais avançado) da doença, ele não reage mesmo às “bicadas” ou presença de outros peixes (não foge nem os enfrenta), como se estivesse “em transe”.
COMPLICAÇÕES FÍSICAS (apresentado abaixo sem ordem de gravidade):
– Emagrecimento do peixe, pois devido à recusa em alimentar-se, o peixe vai ficando cada vez mais magro e debilitado em sua saúde geral;
– Possível empalidecer (esmaecimento das cores) ou escurecimento constante;
– Recolhimento ou diminuição na “abertura” das nadadeiras, que passam a ficar “fechadas” ou semi-abertas;
– Possível dilatação abdominal, causada por retenção de fluidos (inflamações — infecciosas ou não);
– Várias outras complicações gerais de saúde, devido a parasitas e doenças oportunistas (degeneração de nadadeiras, fungos, feridas várias, inchaços pelo corpo, perda de equilíbrio etc);
Desses sintomas, os mais evidentes, e geralmente os primeiros a serem percebidos, são aqueles relacionados à alimentação e a evacuação.
Porém, nem sempre a verificação de apenas um dos sintomas significa que o peixe esteja doente. Por exemplo, muitas vezes os peixes podem evacuar de maneira semelhante à descrição para peixes doentes, sem necessariamente apresentarem problemas de alimentação; pode ser que outros problemas gastrointestinais (infecções, problemas na digestão de alimentos inadequados etc) estejam levando a grandes produções e perda de muco intestinal.
Outras vezes, os peixes podem se alimentar de maneira semelhante a peixes doentes (cuspindo o alimento), sem no entanto estarem doentes; podem ser apenas problemas de adaptação ao alimento (má palatabilidade), alimentos estragados ou inadequados à espécie, ferimentos e/ou inflamação e/ou infecção na boca ou laringe etc. Quando o peixe está realmente doente de spironucleose, o que se verifica, via de regra, é a manifestação conjunta de ao menos dois ou mais dos sintomas acima descritos.
SÍNDROME DO BURACO NA CABEÇA E LINHA LATERAL (DÚLCICOLA)
O “buraco na cabeça” (BNC) não é uma doença, já que não foi possível, até o momento, determinar ou identificar um agente causador para tal moléstia. Assim sendo, o correto é designá-la como síndrome idiopática (sem agente definido/conhecido) – ou simplesmente “Síndrome Dulcícola do Buraco na Cabeça e Linha Lateral”.
diagnóstico
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As características gerais são a despigmentação de áreas, quase sempre nas regiões ao lado da cabeça, e/ou o surgimento de pequenos orifícios, geralmente muito pequenos e rasos em suas fases iniciais, via de regra próximos ou sobre a linha lateral que se extende na cabeça do peixe. Esses orifícios costumam aparecer, inicialmente, agrupados, pouco profundos, e às vezes já com alguma formação pustulenta visível em seu interior, mas ainda interno à ferida (não há projeções / “corrimento”).
A moléstia, ao avançar, passa dos sintomas iniciais a apresentar verdadeiros “buracos” – daí o nome popular da moléstia. Nesse estágio, quase sempre ocorre também verificação da presença, em maior ou menor grau, de substância esbranquiçada semelhante a pus preenchendo os “buracos”, ou mesmo projetando-se deles — sob forma “cilíndrica”, “de linha”, ou na forma de “glóbulos superpostos” (como uma “couve-flor”) ou forma “esponjosa”. Essa substância é tida, por alguns pesquisadores, como altamente infectante, já que em sua visão prováveis patógenos causadores da doença (p. ex., Spironucleus / Hexamita) estariam contidos nessa substância. Os “buracos” tendem a continuar aumentando ainda mais de tamanho e profundidade, produzindo feridas verdadeiramente grandes (crateriformes), e sempre à mercê de infecções secundárias por bactérias, fungos ou protozoários (Fig 4); muitas vezes são essas próprias infecções oportunistas secundárias que acabam por se transformar na causa mortis principal.
TRATAMENTOS
Tratamentos para spironucleose - O tratamento é o Sera Med Professional “FLAGELLOL”. Esse produto é revolucionário por trazer um princípio ativo muito mais específico para a situação enfrentada: estamos tratando peixes, e o tratamento é em “imersão prolongada”, isso é, a medicação deve ser colocada na água e não apenas permanecer em suspensão, mas poder ser perfeitamente absorvida pelos peixes para agir internamente. Isso é completamente diferente da forma à qual o metronidazol foi projetado, pois esse é um princípio ativo sintético que age internamente em seres humanos, com ativação máxima a 36°C — a temperatura humana; em temperaturas abaixo disso, sua ação fica direta e proporcionalmente diminuida (é por isso que, usando esse príncípio ativo tinhamos que elevar sempre a temperatura da água para pelo menos 33, 34°C…).
Tratamentos com FLAGELLOL - O Flagellol é um produto à base de um conjugado de Tiazol (Thiazole) com menadiona (a vitamina K3, que atua como um catalizador, potencializando a ação do princípio ativo)
Spironucleose - Inicialmente, não há necessidade de se subir a temperatura, podendo manter a usual do aquário. O tratamento deve ser feito da seguinte maneira (sugerimos tratar em aquário hospital):
- 1° dia: dosagem de 1ml a cada 40 litros de água;
- aguarde 3 dias, e proceda uma troca de água de pelo menos 80% do volume do aquário ;
- a qualquer momento, se acontecer turvação da água, proceda imediatamente essa troca citada acima, sob risco de perder todos os peixes do aquário! O complexo solubilizante do produto pode sofrer, eventualmente, degradação bacteriana, e isso causa um “bloom” de bactérias que consomem rapidamente o oxigênio da água, provocando problemas sérios aos peixes.
Tratamento com Flagellol para BNC
Nos casos de BNC, pode ser interessante começar o tratamento com o Flagellol e posteriormente complementar da seguinte forma:
- após acabar o tratamento com Flagellol e proceder a mudança citada de água, aplicar Sera Baktopur Direct de acordo à bula por 5 dias;
- começar a alimentar os peixes com alimentos mais ricos em balastro (fibras), como por exemplo o Sera FD Daphnia, Sera FD Artemia Shrimps, Sera Flora etc.;
- regularmente, adicionar à água do aquário pequenas quantidades de Sera Mineral Salt e também Sera Fishtamin no alimento formecido aos peixes.
OUTROS TRATAMENTOS:
A droga a ser utilizada no tratamento é o metronidazol, encontrado comercialmente (em farmácias) sob o nome comercial Flagyl / 400mg, (® laboratórios Rodhia)ou como genérico. É necessário esmagá-lo previamente ao uso, deixando-o todo na forma de pó; esse deverá sempre ser dissolvido em água, previamente à aplicação no aquário. JAMAIS use apresentações líquidas, elas contém àlcoois e açúcares que vão degradar a qualidade da água e levar os peixes tratados a óbito rapidamente!
Sempre que o peixe tolerar temperaturas mais altas, a mesma deve sempre ser lentamente aumentada até 34°C ou o mais próximo possível disso (o máximo tolerado pela espécie), pois com temperaturas menores que 32°C dificilmente qualquer tratamento funcionará. No caso de discos (Symphysodon sp.), a temperatura pode ser levada até (o máximo de) 35°C sem medo, pois tais peixes toleram-na perfeitamente bem.
Tratamento 1: Se o seu peixe ainda estiver se alimentando
Nesse caso, o ideal é acrescentar a droga no alimento, o que será mais fácil se o mesmo for tipo “patê” (tipo “beefheart”). As doses da droga são as seguintes (escolha a que se adequa melhor ao “seu” caso):
a) 250mg da droga para cada 100 g de alimento em pasta (“beefheart”) ou vivo, 2 X ao dia, por 10 dias;
b) 250mg da droga para cada 20 g de alimento seco, 2 X ao dia, por 10 dias;
c) Peixes pequenos vivos (útil no caso de Astronotus sp.): injete com seringa, no peixe que vai servir de alimento, 0.01mg da droga para cada 10 g de peso vivo do peixe doente; essa dose 2 X ao dia, por 10 dias.
d) Artêmias “carregadas”: coloque artêmias adultas vivas em solução aquosa a 1% de metronidazol, por cerca de 3 a 4 horas na geladeira; depois desse prazo, capture as artêmias ainda vivas, e forneça-as imediatamente aos peixes, sem lavá-las, 1 X ao dia, durante 3 a 7 dias.
Cada dose de alimento deve corresponder a um mínimo de 1% do peso vivo do peixe (ou possuir um mínimo de 0,25 a 1% de metronidazol). Uma regrinha comum não muito exata, mas prestativa, é fornecer quantidade aproximada ao tamanho do olho do peixe. Deve-se alimentar o peixe com essa alimentação medicada até que ele ingira a quantidade diária mínima da droga, e só depois se pode complementar sua alimentação, no restante do dia, com outros alimentos.
Tratamento 2: se o peixe não estiver se alimentando.
Essa costuma ser a situação mais comumente enfrentada. Nesse caso, o tratamento será mais difícil, pois a droga terá de ser acrescentada à água, em dose de ~15mg para cada litro de água.
Atenção: cada comprimido de Flagyl pesa 600mg totais, mas apenas 400mg são do princípio ativo; considere isso ao calcular a dose, que geralmente fica em 1 comprimido para cada 25-30 litros de água (já considerado apenas o princípio ativo).
O tratamento deve ser conduzido isolando-se o peixe obrigatoriamente em aquário-hospital.
Tratamento para o “buraco na cabeça” (Síndrome Dulcícola do Buraco na Cabeça e Linha Lateral)
O BNC não pode ser apresentado como doença, pois não há agente (patógeno) descrito como seu causador. Portanto, igualmente não se pode apontar um tratamento medicamentoso único para o BNC. Qualquer tentativa de cura envolve obrigatoriamente o diagnóstico mais completo e apurado possível das possíveis causas de depressão do sistema imunológico do peixe. Ou seja, devem ser feitos uma extensa e meticulosa investigação de sintomas físicos e comportamentais do peixe, como também o levantamento de dados sobre a manutenção do aquário e qualidade da água, bem como os cuidados gerais com o peixe, especialmente sua alimentação e conforto.
Devemos ainda levar sempre em consideração as altas taxas de ocorrência prévia ou simultânea de spironucleose, diagnosticando se há ou não ocorrência dessa infecção; caso positivo, tratar de acordo ao apresentado acima.
Outras causas relativamente comuns podem estar associadas, pois paulatinamente minam a resistência do peixe:
- Verminoses (Capillaria, nematóides etc);
- Parasitas epidérmicos e/ou das guelras: copépodes (Lernea; Argulus), vermes (Dactylogyrus / Gyrodactylus);
- Outras doenças comuns, como íctio, veludo etc;
- Infecções brandas;
- estresse
A partir do surgimento das lesões, várias outras doenças oportunistas podem – e costumam – surgir, em particular as infecções secundárias dos próprios “buracos”. Tais infecções costumam ser geralmente de origem bacteriana, portanto o uso (geralmente tópico) de antissépticos e/ou de antibióticos (mercúrio-cromo, Rifocina spray ®, Povidine ®, Betadine ®, permanganato de potássio, etc.) se faz quase sempre necessário nesses casos.
Para tratar topicamente, fica claro que os peixes devem ser capturados com rede – o que não deixa de ser um tratamento bastante estressante… Por isso, deixe tudo já pronto para a aplicação, diminuindo assim o tempo de “aprisionamento” e hipoxia do peixe na rede.
Depois de capturado com a rede, inicialmente limpe suavemente a ferida com um cotonete, de preferência embebido apenas em água esterilizada (fervida), procurando retirar a substância pustilenta. Depois, pincele a ferida com outro cotonete, embebido com qualquer um dos supracitados antissépticos / antibióticos.
Na reaplicação, deve-se tomar muito cuidado para não usar de força desmedida, pois podemos acabar removendo as novas camadas de tecido epitelial cicatrizante. Em outras palavras, se não tomarmos cuidado, podemos acabar aumentando constantemente a lesão, ao não permitir sua perfeita cicatrização. Então, nas reaplicações a melhor técnica é apenas encostar o cotonete embebido na droga escolhida sobre a ferida, e deixar que essa escorra naturalmente pela área afetada. Não se deve esfregar, raspar ou fazer demais movimentos na aplicação com cotonete.
Se estiver difícil a cura da ferida, pode ser acrescentado um pouco de sal não-iodado à água do aquário hospital, na proporção de 1g para cada 1 ou 2 litros de água.
Em casos de múltiplas feridas infeccionadas e/ou infecção “secundária” generalizada no peixe, podemos partir para um tratamento específico à base de antibióticos. A abordagem preferida será a administração da droga via oral; caso o peixe não mais se alimente normalmente, recorreremos então à imersão prolongada (nesse segundo caso, imprescindivelmente em aquário-hospital).
Para isso, as drogas de preferência serão os antibióticos a seguir (embora outros não citados também possam ser usados com sucesso):
Nifurpirinol (Sera Baktopur Direct®):
- oral: má-palatabilidade, não indicado;
- imersão prolongada: 01 comprimido a cada 50 litros (0,02mg por litro) de água, dose única, tratando por 3 a 5 dias; se necessário, aplique novo tratamento imediatamente após o primeiro. Leia as demais informações na bula.
- é o tratamento mais recomendado e mais efetivo!
Oxitetraciclina / tetraciclina:
- oral: de 50 a 100mg misturados a cada 1 Kg de alimento, alimentando um mínimo de alimento medicado equivalente a 1% do peso do peixe diariamente, por cerca de 10 a 21 dias;
- imersão prolongada: 10 a 100mg por litro de água, dose única, tratando por 1 a 3 dias; se o peixe continuar doente após 3 dias, troque mínimos 50% da água, aplique nova dose e aguarde mais 3 dias. [OBS 1: evite qualquer iluminação / luz sobre o aquário, pois esse medicamento pode ser foto-inativado; OBS 2: águas duras demandam doses maiores da droga]
Nota importante: as tetraciclinas são passíveis de foto-decomposição, tornando-se altamente tóxicas, inclusive ao aquarista; se for verificada mudança na coloração da água, do leve amarelado inicial (cor obtida logo após a aplicação) para algum tom mais alaranjado / amarronzado, troque imediatamente no mínimo 50% ou mais da água, se possível 100%; use luvas e não deixe a água entrar em comtato com sua pele; e mantenha observação constante aos peixes tratados sob esse regime]
Eritromicina:
- 100mg misturados a cada 1 Kg de alimento, alimentando um mínimo de alimento medicado equivalente a 1% do peso do peixe diariamente, por cerca de 10 a 21 dias;
- 25 a 50mg misturados a cada 1 Kg de alimento, alimentando um mínimo de alimento medicado equivalente a 1% do peso do peixe diariamente, por cerca de 10 a 21 dias;
Concluindo, podemos dizer que, mantendo o aquário e os peixes em “boa saúde”, dificilmente teremos que enfrentar essas moléstias.
Autor: Vladimir Xavier Simões
Fonte: AquaBrasilis
DavidGuima- Membro
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Re: Hole-in-the-head "buraco na cabeça"
DavidGuima escreveu:.............ESTRESSE - Confirmando em parte essa teoria, nos casos clinicamente investigados e relatados são observadas sempre situações de estresse contínuo, prévio aos primeiros sintomas da doença se manifestarem no peixe. Esse estresse geralmente relaciona-se de maior ou menor forma com parâmetros incorretos da água, geralmente na forma de:
– Concentrações tóxicas de amônia / nitritos e até nitratos;
..............
- Superpopulação do aquário;......
Perdi muitos peixes devido a esses fatores, por isso nunca mais inseri peixes demasiadamente no aquário, vontade de ter todos tipos e espécies eu também tenho, mas creio que a consciência deve falar mais alto.
Abç.
Lucas Duarte- Moderador Geral
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Re: Hole-in-the-head "buraco na cabeça"
Consciência e experiência, vejo amigos com aquários "populosos" (sem exagero), por causa da agressividade de alguns, porém aquário grande e o mais importante, uma mega filtragem para tal finalidade, pois os maiores relatos são por causa da má qualidade da água.
DavidGuima- Membro
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Re: Hole-in-the-head "buraco na cabeça"
No meu aquário os mantinha em uma filtragem de 7200 L/h com 40 litros de ISTA, mesmo quando conseguia parâmetros aceitáveis via peixes estressados, o tempo de vida dos espécimes devido ao estresse é reduzido drasticamente.
É um triste fim que somente o tempo dirá.
Se notar os aquarista mais antigos do FA que adotavam a superpopulação não mais o fazem, isso devido a grandes perdas ou desilusões, o meu também foi assim, superlotação e extremamente prejudicial a longo prazo, ou seja, um peixe que vive 20 anos não passa de 5.
Alguns aquarista aceitam esse fato com naturalidade, aí está o problema, 5 anos ele já "enjoou" do peixe e adota sua morte com uma coisa natural, ví e vejo muito isso pelos fóruns que aceitam a superlotação como se fossem uma "modalidade", o cara troca de peixe como troca de carro.
Abç.
Lucas Duarte- Moderador Geral
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Re: Hole-in-the-head "buraco na cabeça"
Lotação com conscientização.
DavidGuima- Membro
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